Enfim, o ano acabou. Lá se foi 2012. O mundo, porém, não acabou. Bem, em
tese... Acabou, por exemplo, para mais uma leva de cerca de 50 mil
compatriotas assassinados[1] sob a cúmplice omissão das autoridades, de 105 mil cristãos mortos por motivo de perseguição religiosa[2] e de 42 milhões de vítimas de aborto voluntário[3] ao redor do mundo, para quem, aliás, o mundo mal havia começado.
O mundo em si não acabou, mas isso é de acabar com qualquer um que tenha bom senso e bom coração.
Há algo mais que também vem se acabando: a educação. Tivemos por aqui
quatro meses de greve nas universidades federais, novos casos
deploráveis de agressão de alunos a professores, e ainda fomos premiados
com um penúltimo lugar no ranking da Economist Intelligence Unit[4],
em um estudo envolvendo 40 nações. Se o brasileiro se deixasse envolver
por isso tanto quanto se envolve com o futebol, teria se revoltado mais
com o fato de termos ficado quatro posições atrás da Argentina.
Na era da informação, sofremos de uma carência terrível de boa formação,
e com ela, não o mundo, mas a nossa boa percepção dele vem se acabando.
A falsa propaganda atribuída aos antigos povos maias[5]
chegou aos quatro cantos do mundo. Mexeu com muita gente, e levou
algumas poucas pessoas mais crédulas a largarem tudo e a buscarem algum
tipo de refúgio. Tem sido assim em datas declaradas ou apenas
confirmadas como apocalípticas por falsos gurus. Estes dizeres
chestertonianos caem como uma luva em nossos tempos: “Quando o homem não
acredita em Deus, não é que não acredite mais em nada – é que ele
acredita em qualquer coisa”[6].
Afirmo, porém, com boa convicção, que um pequeno grupo não caiu nela:
os fãs do Tolkien e os da série Star Wars, que souberam que o mundo não
acabaria assim que foram anunciadas as duas novas trilogias nas telonas.
Para eles o mundo só poderá acabar, pelo menos, após a pré-estréia dos
respectivos últimos episódios.
Teremos, assim, mais alguns bons anos pela frente.
Agora, meus caros leitores, notem bem o que fiz aqui: nessas poucas
linhas iniciei com um assunto trágico, passei para outro de menor
impacto, e em seguida puxei a atenção para o entretenimento. Ao fazermos
uma transposição do método aqui empregado para o campo das imagens,
iremos nos deparar com uma das dezenas ou mesmo centenas de técnicas
empregadas para manter o cérebro em baixa atividade[7], no presente caso, o que se dá enquanto fixamos nossos olhares em telejornais dos quatro cantos do globo. “Alea jacta est”[8].
O mundo não acabou, mas estão querendo acabar com a minha e a sua humanidade.
É disso que pretendemos começar tratar neste espaço tão gentilmente cedido pelo Blog do Gabriel Diniz.
Notas:
[1] Em consonância com os dados do
Instituto Sangari para 2010
[2] Segundo o Relatório AIS –
Abordaremos o tema futuramente.
[3] Dados fornecidos pelo
Instituto Alan Guttmacher.
[4] Consultoria britânica pertencente
à multinacional The Economist Group.
[5] Segundo a Science, cientistas
norte-americanos descobriram um calendário maia com quatro ciclos a mais.
[6] Gilbert Keith Chesterton
(1874-1936), autor, jornalista, filósofo, teólogo e desenhista britânico.
[7] Recomendo a leitura de um
texto disponibilizado na internet chamado “Desligue sua TV” (no original: “Turn-off
your TV”) de um sujeito que se apresenta como Lonnie Wolfe, provavelmente um
pseudônimo.
[8] “A sorte está lançada” –
frase atribuída por Suetônio a Caio Júlio César ao decidir cruzar o Rio Rubicão
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